Idiomacidium

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Sunday, April 23, 2006

Rainha solitária

Ela estava só, linda e só, como uma rosa solitária num jardim. Haviam outras flores, mas que não competiam com ela, por sua beleza, por suas cores, pela sua imponência, pela exata proporção de linhas. Reinava sem súditos, não exigia coroa, cetro, nem mesmo magestade, atributo que as outras flores lhe concediam por bondade, ou por força de reconhecerem nela essas qualidades.

Passaram dias e noites, ela de botão abriu em mais linda flor ainda - como se possível isso fosse -, suave perfume, sublime, cor de um vermelho inebriante e cativante. A luz do dia resplandecia em si, a luz da noite prateava-lhe as petálas. Mais dias e noites passaram naquele jardim. As petálas da rainha começam a cair, uma a uma, e de linha ela vai se tranformando em horrendo botão pelado, murcho, desproporcionado.

Uma resistente margaridinha cochicha para sua vizinha: - Viu só! Eu não disse que isso de beleza demais não estava certo? Dia de muito, véspera de pouco! Eu sabia que isso ia se acabar num teatro de horrores...


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